Projeto Reforma

No último sábado, dia 20 de julho, foi realizada a entrega oficial do primeiro viveiro do projeto Reforma, marcando um momento significativo para as iniciativas de recuperação ambiental na região, o processo de entrega foi acompanhado pelos docentes envolvidos no projeto, Prof. Dr. João Batista Tolentino Jr, Profª. Drª. Adriana Terumi Itako e Prof. Dr. Luciano Picolotto. A estrutura foi instalada na propriedade do Sr. Gilmar, que se tornou um dos pioneiros na adoção das práticas promovidas pelo projeto.

Este viveiro, cuidadosamente projetado e construído, representa um avanço crucial na infraestrutura necessária para a produção e cultivo de mudas nativas, que serão utilizadas em ações de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. Além de ser um marco na melhoria das condições para a recuperação ambiental, o viveiro permitirá o aumento da produção de mudas de alta qualidade, contribuindo diretamente para a restauração da biodiversidade local e a preservação dos ecossistemas.

A entrega do viveiro também simboliza o compromisso do projeto Reforma com o desenvolvimento sustentável e o apoio aos produtores locais na implementação de práticas agroecológicas que beneficiem tanto o meio ambiente quanto a economia da região. A partir dessa estrutura, espera-se que novas iniciativas sejam impulsionadas, ampliando o alcance do projeto e fortalecendo a rede de colaboradores envolvidos na causa da recuperação ambiental.

No primeiro semestre de 2024 foi realizado uma atividade de diagnóstico da fertilidade do solo pelos  alunos dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal do assentado Gilmar Prates do Assentamento Índio Galdino. A atividade teve o abjetivo de realizar as análises físicas e químicas do solo pelos alunos da disciplina Propriedades Físicas e Químicas do Solo de diversas glebas da propriedade.

Após a realização das análises foi realizado a apresentação dos resultados ao agricultor. A seguir é apresentado um mapa da propriedade com o disgnóstico de alguns parâmetros químicos das diferentes glebas da propriedade.

O solo da propriedade apresenta grande quantidade de argila em 7 das 8 glebas amostradas. Nas glevas cultivadas com pastagem e lavoura o pH em água é adequado para a maioria das culturas. Já a disponibilidade de nutrientes, dentre eles o de cálcio, magnésio, fósforo e potássio está adequado para a maioria das culturas. É possivel concluir que o manejo da calagem e da adubação realizadas pelo agricultor estão mantendo os teores nos níveis adequados para as plantas com baixa possibilidade de perdas por lixiviação.

No ano de 2023 foi realizado a atividade de diagnóstico da qualidade da água das nascentes em uso nas residências dos agricultores do Assentamento Índio Galdino. As coletas de água foram realizadas nas nascentes e na torneira das residências e enviado para laboratório credenciado para análises de presença/ausência de coliformes totais, Escherichia coli, além de análise de cor da água, pH e turbidez. No momento da coleta de água foi realizado o registro da coordenada geográfica da nascente e da casa.

Os resultados da presença/ ausência de coliformes totais (Figura 1) e Escherichia coli (Figura 2) são apresentados abaixo.

Os números nos mapas se referem às diferentes propriedades e os quadrados se referem as análises de água nas nascentes e os círculos as análises de água nas torneiras. Quando a coloração do círculo/quadrado for vermelha indica a presença de coliformes/ Escherichia coli. A coloração em azul indica a ausência. Podemos verificar que mais da metade das amostras de água apresentam a presença de nascentes e água da torneira com presença de Coliformes totais e Escherichia coli.

A Escherichia coli  é uma bactéria indicadora de contaminação fecal ocasionado por mamíferos, o que indica qua a água não é indicada para consumo humano. Essa contamiação pode ser causada tanto por animais nativos como por animais de criação. Geralmente isso ocorre devido ao acesso dos animais à fonte e nas adjacências da fonte de água.

Por isso, uma forma de melhorar a qualidade da água das propriedades seria o isolamento das nascentes com alguma barreira contra os animais de criação e nativos e a limpeza das nascentes e caixas da água das propriedades. Podem ser construídos sistemas de proteção de nascentes que apresentam baixo custo, como o sistema Caxambú.

Figura 1. Avaliação da presença e ausência de Coliformes totais em amostras de água da nascente (quadrado) e da torneira (círculo) de propriedades do Assentamento Índio Galdino. Cores em vermelho indicam presença. Cores em azul ausência.

Figura 2. Avaliação da presença e ausência de Escherichia coli em amostras de água da nascente (quadrado) e da torneira (círculo) de propriedades do Assentamento Índio Galdino. Cores em vermelho indicam presença. Cores em azul ausência.

A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Giovana Tiepo, está desenvolvendo sua dissertação intitulada “Fauna Associada ao Processo de Restauração Ecológica no Parque do Rio Canoas-SC”. Esse estudo busca entender como a fauna local responde aos esforços de restauração ecológica, contribuindo para o conhecimento sobre a biodiversidade e a recuperação de ecossistemas degradados na região.

O trabalho de Giovana está sendo realizado sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Siminski. O projeto também conta com o apoio do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e do Instituto Çarakura, instituições que têm colaborado ativamente tanto com recursos quanto com conhecimento técnico para a realização das pesquisas de campo e análises científicas.

Essas parcerias são fundamentais para o sucesso do projeto, que tem o potencial de gerar dados valiosos para o manejo e a conservação da fauna no Parque do Rio Canoas, além de contribuir para políticas públicas voltadas à restauração ecológica em Santa Catarina.

No dia 28 de junho de 2024 foi realizado atividade de apresentação dos resultados de análise de solo pelos  alunos dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal ao produtor Gilmar Prates do Assentamento Índio Galdino. A atividade teve o objetivo de apresentar o resultado das análises físicas e químicas do solo pelos alunos da disciplina Propriedades Físicas e Químicas do Solo de diversas glebas da propriedade.

Em março de 2024 os alunos foram na propriedade coletar as amostras de solo e ao longo do semestre 2024-1 as análises foram sendo realizadas nas aulas práticas da disciplina. No dia 27 de junho de 2024 foi realizado a apresentação dos laudos de análise de solo pelos alunos ao produtor  com a supervisão do professor responsável pela disciplina.

Nesse sábado, dia 22 de junho, foram realizadas as oficinas didáticas da disciplina de Conservação e Uso da Biodiversidade, coordenada pela Professora Karine Santos. Durante essas oficinas, os estudantes dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal tiveram a oportunidade de apresentar os trabalhos desenvolvidos ao longo do semestre. Esses trabalhos incluíam propostas detalhadas para a propriedade Recanto Funcho, pertencente aos agricultores Neomar e Josi, localizada na comunidade Irmã Jandira, dentro do assentamento Indio Galdino.

As propostas apresentadas pelos estudantes foram cuidadosamente elaboradas, considerando os princípios de conservação e uso da biodiversidade local.  Através dessas iniciativas, os estudantes puderam aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula em um contexto prático e real, fortalecendo suas habilidades e contribuindo diretamente para o desenvolvimento da comunidade.

As atividades deste sábado fazem parte das ações de capacitação do Projeto Reforma, que tem como objetivo promover a restauração ecológica e o uso adequado dos recursos naturais em áreas de assentamento rural. As oficinas didáticas serviram como um espaço de aprendizado mútuo, onde estudantes e agricultores puderam trocar conhecimentos e experiências, enriquecendo a formação acadêmica dos alunos e trazendo novas perspectivas e soluções para os desafios enfrentados pelos agricultores.

Além das apresentações, as oficinas incluíram atividades práticas, onde os estudantes e os agricultores trabalharam juntos na implementação de algumas das propostas. Essa experiência prática foi fundamental para consolidar o aprendizado e demonstrar a viabilidade das ideias apresentadas. As atividades realizadas no Recanto Funcho reforçam o compromisso do Projeto Reforma com a capacitação contínua e o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.

O sucesso das oficinas didáticas da disciplina de Conservação e Uso da Biodiversidade reafirma a relevância do Projeto Reforma e a dedicação da UFSC em contribuir para a formação de profissionais capacitados e comprometidos com questões ambientais.

Dia dedicado à semeadura de bracatinga (Mimosa scabrella), uma espécie nativa importante para as estratégias de restauração ecológica do projeto. A bracatinga, conhecida por sua rápida taxa de crescimento e capacidade de melhorar a qualidade do solo, desempenha um papel crucial na recuperação de áreas degradadas e na promoção da biodiversidade.

Gostaríamos de expressar nosso sincero agradecimento aos bolsistas Daniel Garcia e Everton Soares pelo trabalho dedicado na preparação e execução da semeadura. Sua dedicação e esforço são fundamentais para o sucesso das iniciativas de restauração do Projeto REFORMA. Além disso, um agradecimento especial ao voluntário Enzo Milioli. A colaboração e o compromisso de todos os envolvidos são essenciais para atingirmos nossos objetivos de promover a recuperação dos ecossistemas.

A semeadura de hoje representa um passo importante no progresso do Projeto REFORMA, demonstrando a eficácia do trabalho conjunto entre bolsistas, voluntários e a equipe técnica. À medida que as bracatingas germinarem e crescerem, esperamos ver um impacto positivo nas áreas em restauração.

No dia 16 de junho, a equipe técnica do Projeto Reforma, juntamente com agricultores atendidos pelo projeto e estudantes dos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e do mestrado em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN), realizaram uma visita técnica ao município de Seara, em Santa Catarina. O objetivo da visita foi conhecer a Rota Saberes e Sabores no Vale das Borboletas, um circuito de estabelecimentos que se destacam por oferecer uma experiência diferenciada de turismo rural.

Durante a visita, foram exploradas duas propriedades que se alinham diretamente com os temas abordados pelo Projeto Reforma:

– Ecosítio Lindo: Esta propriedade dedica-se à produção de frutas e subprodutos agroecológicos, além de promover o turismo rural. Através de atividades lúdicas organizadas pelo proprietário e sua família, o Ecosítio Lindo busca sensibilizar os visitantes sobre a viabilidade e os benefícios da abordagem agroecológica. As atividades incluem demonstrações práticas e interativas que destacam a importância da agroecologia e valorizam a cultura local, promovendo uma compreensão mais profunda sobre a sustentabilidade e a produção de alimentos saudáveis.

– Sítio Cheiros e Sabores: Focado na experiência de sistemas agroflorestais, esta propriedade se especializa na produção de espécies aromáticas e medicinais. Esses produtos são destinados à fabricação de óleos essenciais, hidrolatos e outros derivados. Além disso, o Sítio Cheiros e Sabores também se dedica à produção de mudas de hortaliças e plantas ornamentais, bioconstrução e turismo rural. A propriedade oferece aos visitantes uma visão abrangente das práticas sustentáveis aplicadas na agrofloresta, destacando a integração harmoniosa entre a produção agrícola e a conservação ambiental.

A visita técnica proporcionou aos participantes uma oportunidade valiosa de aprendizado prático e troca de experiências. Os agricultores atendidos pelo Projeto Reforma puderam observar de perto as práticas sustentáveis implementadas nas propriedades, enquanto os estudantes tiveram a chance de complementar sua formação acadêmica com vivências concretas no campo. Essa interação entre teoria e prática é essencial para a formação de profissionais capazes de implementar e promover sistemas agrícolas mais resilientes.

Além do aprendizado técnico, a visita também reforçou a importância da cooperação e da troca de saberes entre diferentes atores do meio rural. A integração entre agricultores, estudantes e técnicos do projeto contribui para o fortalecimento das redes de conhecimento e para a disseminação de práticas inovadoras que podem ser replicadas em outras regiões. A Rota Saberes e Sabores no Vale das Borboletas se destaca, assim, não apenas como um circuito de turismo rural, mas como um modelo de desenvolvimento que integra produção agrícola, conservação ambiental e valorização cultural.

A mestranda Ana Luiza de Rosa Castro está desenvolvendo um trabalho junto ao Programa de Pós-Graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sua dissertação tem como foco a percepção dos agricultores do assentamento Indio Galdino sobre os Sistemas Agroflorestais (SAFs) e como esses sistemas podem ser utilizados como uma estratégia eficaz para a restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RL). O estudo está sendo orientado pela Professora Karine Santos e conta com o apoio do Núcleo de Estudos em SocioAgroBiodiversidade (NESBIO).

O objetivo da pesquisa é entender como os agricultores percebem e interagem com os SAFs, e avaliar os benefícios ecológicos, econômicos e sociais que esses sistemas podem proporcionar. Os SAFs combinam a produção agrícola com a conservação ambiental, promovendo a biodiversidade e melhorando a qualidade do solo e da água, além de oferecerem uma fonte sustentável de renda para as comunidades rurais.

Ana Luiza de Rosa Castro utiliza metodologias participativas para coletar dados diretamente dos agricultores, permitindo uma compreensão aprofundada das suas experiências e opiniões. A orientação da Professora Karine Santos, que possui experiência na área, é fundamental para o desenvolvimento teórico e prático do trabalho.

Esse estudo é relevante não apenas para o assentamento Indio Galdino, mas também pode servir de modelo para outras regiões que buscam integrar a agricultura sustentável com a conservação ambiental. A dissertação de Ana Luiza contribui significativamente para o avanço do conhecimento em sistemas agroflorestais e suas aplicações práticas em contextos de restauração.

Nos dias 15 a 17/05, a equipe técnica do BNDES representada pelos servidores Marcus Cardoso, Vera Guedes, Juliana Reis e Ricardo Camacho esteve em visita de acompanhamento nas atividades do Projeto Reforma (UFSC/FAPEU).

O dia 16 foi marcado pela visita técnica ao assentamento Índio Galdino, nas comunidades do Índio Galdino (Frei Rogério) e Irmã Jandira (Curitibanos). Foi possível acompanhar as ações de restauração que estão acontecendo na área de Reserva Legal, que envolve o cercamento, o planejamento para o plantio das mudas e as estratégia de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Também foi visitado os locais onde serão instalados os viveiros comunitários.

Na oportunidade, também foi possível ouvir os agricultores sobre as ações do projeto no assentamento, assim como demandas das comunidades. As atividades incluíram um almoço coletivo no Recanto Funcho. O envolvimento e parceria dos agricultores nas atividades é fundamental para o sucesso do projeto.